domingo, 6 de setembro de 2009

PREFÁCIO

00-PREFÁCIO

Sou um viajante por natureza, um navegador, um argonauta, um piloto com histórias para contar. Comecei a voar aos 17 anos de idade, em janeiro de 1978, no Aeroclube de Santa Cruz do Sul-RS. No ano seguinte ingressei na Força Aérea Brasileira, onde me tornei um piloto militar, servindo por doze anos como piloto de busca e salvamento, de combate com helicóptero e instrutor de voo. No final de 1990 fui para a aviação comercial, na Varig, por doze anos; na EVA Air, em Taiwan, por quase cinco anos; na Shanghai Cargo, na China, por quase um ano, depois na ABSA Cargo, em Campinas-SP por um ano e finalmente na Web Jet no Rio de Janeiro.
Vou contar os fatos vivenciados por mim e meus colegas, pilotos brasileiros e de outros países, a nossa saga de piloto expatriado, desde a minha ida para Taiwan em 2002 até o meu regresso em 2008. Cada um tem a sua história para contar, de sucesso ou derrota, de um final feliz ou de tristeza e eu vou contar a minha. Uma narrativa entremeada por manchetes de jornais sobre os acontecimentos que culminaram com o fim da Varig, a empresa na qual eu pensava em me aposentar.
Se você gosta de histórias, embarque comigo nessa viagem ao meu exílio profissional, por países e culturas diferentes, ao fascinante e complexo mundo da aviação comercial internacional, dos grandes jatos e seus pilotos. Não pretendo vender idéias ou defender ideologias, vou tentar não ser muito técnico, quero apenas contar a minha história, às vezes interessante e divertida, às vezes chata e monótona, alegre ou triste, como é a vida da maioria das pessoas.
“Piloto expatriado” é um termo muito usado na aviação comercial mundo afora. Uma expressão não muito conhecida no Brasil e pode até parecer um termo pejorativo. “Piloto expatriado” não significa piloto expurgado, deportado, degredado, nada disso. Significa tão somente um piloto no estrangeiro, fora de sua pátria, um forasteiro trabalhando nos céus de outros países, quase um imigrante, contribuindo para o desenvolvimento de alguma nação que, por pura necessidade, o acolheu de braços abertos. Mas no fundo da minha alma eu sempre me senti um piloto degredado, excluído do contexto da aviação brasileira, um exilado profissional.
E um dia todos voltarão para casa, com a mala cheia de histórias para contar.

Um comentário:

  1. Oi Maurinho...
    Legal que o projeto está começando a tomar forma, e breve teremos um livro; vai contar uma pequena parte da historia da vida de tantos amigos que ousaram cortar as amarras e voar mais alto.
    Para mim é muita honra ter sido citado na primeira página. Lembro-me como se hoje fôsse a reunião, e as palavras do bonitão. Ainda está tudo claro na minha mente. O corpo mais velho ainda se emociona em ler estas "estórias".
    Faria tudo de novo, se possível fosse!
    Parabéns.
    Lima

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